terça-feira, 14 de maio de 2013

Não convocaram o Brasil


Não tem nada a ver com a lista de jogadores anunciada pelo cidadão da imagem acima, Luiz Felipe Scolari, na manhã de terça, 14 de maio. Os 23 jogadores que estarão na Copa das Confederações já foram divulgados. O Brasil ao qual me refiro é o povo brasileiro representado em quase 200 milhões de cidadãos e o Estado que em teoria os representa.
Tudo bem que às vezes tenho de concordar que sou pessimista demais, mas alguns fatores importantes demais pra serem esquecidos me fazem afirmar que o Brasil não foi convocado e nem sequer convidado para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo. Na verdade estamos para esses dois eventos como um pai é para um filho que quer dar uma festa em casa para seus amigos: é o pai quem paga as contas, compra alimentos, bebidas e limpa a sujeira depois, entretanto não tira proveito algum de toda alegria juvenil que acabou de bancar. Somos assim! Com dinheiro público reformamos e construímos estádios e centros de treinamento. Aceitamos pagar elevados preços que depois acabam sendo reajustados (algumas boas vezes) e talvez num jogo político acabamos construindo estádios de primeiro mundo em cidades que não têm um público de mil torcedores por jogo. 
 O campeonato amazonense1 é um bom exemplo: com média de 410 torcedores em partidas de turno e de 1.785 nas fases finais, nem a soma de 29.180 torcedores que assistiram jogos na última edição chegariam perto de lotar a Arena da Amazônia2 com 44.500 lugares. Leia mais sobre os prováveis elefantes brancos aqui.
O número recorde de estádios não pode ter como desculpa o tamanho continental de nosso país, pois se assim fosse, a Copa realizada nos Estados Unidos deveria ter ao menos 15 cidades-sede.
Não para por aí. Diversos estádios estão sendo cedidos à empresas privadas que não devem satisfações ao governo após firmarem contratos de concessão. Além dos casos de Naming Rights (quando uma empresa “empresta” seu nome ao estádio), muitos estádios serão entregues à administração prolongada por parte de construtoras e/ou conglomerados de negócio. Ok, você dirá que as empresas ao menos firmam um contrato pagando ao governo pelo direito de administrar os estádios. Sim, mas eu respondo com outra pergunta... você sabe o preço? Veja o exemplo do Maracanã: o governo gastou um bilhão de reais na reforma e assinou um contrato de concessão para um conglomerado de empresas que o administrará por 35 anos pagando meros 180 milhões de reais3 (menos de 20% do valor total). Analise se isto tem algum cabimento, eu construo uma casa para você no valor de R$100.000 e você a aluga por 35 anos por um preço total de R$18.000.... infeliz proporção, não? A que preço reduzimos aquele que é chamado de templo do futebol nacional! Vou parar por aqui porque o iceberg já me parece bem maior do que a parte que já conheço.
Sim, nós quisemos duas competições de porte internacional em nosso país (sem falar na Olimpíada que trará mais gastos ainda). Estávamos dispostos a gastar, mas hoje já me questiono a credibilidade e viabilidade da Copa no Brasil. O exemplo da economia grega que sucumbiu após raspar os cofres para receber a Eurocopa e as Olimpíadas deve nos servir de alerta em meio a todo esse oba-oba. O futebol dentro das quatro linhas é apenas um mero detalhe em meio a tudo isso, mas com esses 23 e especialmente com os 11 do Felipão está difícil de ganhar alguma competição.
2- Arena da Amazônia, informações - http://arenadaamazonia.com.br/o-projeto/a-arena/